Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy

Acervo Sonoro de Emir Bemerguy

O poeta Emir Bemerguy (Fordlândia, 1933 – Santarém, 2012), demostrou sua paixão por Santarém de muitas formas, e uma delas foi fazendo sistematicamente registros sonoros dos artistas locais. Emir gravou uma centena de fitas K7 ao longo das últimas 5 décadas, com diversos músicos e personalidades santarenas. É um material fantástico, de grande importância para os interessados na cultura amazônica, e na de Santarém em particular. Tive o prazer de ouvir uma parte dessas fitas, e, com a oportunidade de digitalizá-las, compartilho agora essas gravações aqui no blog.

As fitas têm registros do violonista Moacir Santos, do tocador de cavaco Laudelino Silva, do compositor e pianista Wilson Fonseca, do radialista Osmar Simões, do historiador Paulo Rodrigues dos Santos, entre muitos outros. Têm também leituras que o poeta fez da sua própria obra, entre poemas e crônicas, muitas delas transmitidas pelas rádios da cidade.

Serenata com violões em Santarém, Pará.
Uma serenata doméstica na casa de Braz Coimbra, com Emir ao violão (o terceira a partir da esquerda). (Foto do blog Saudade Perfumada)

Ressalto que muitas dessas gravações são caseiras e o clima é bastante informal. Na maioria da vezes, ele próprio apresenta os convidados, tece comentários sobre as músicas, e puxa a conversa adiante.

Selecionei para essa postagem 16 fitas do acervo sonoro do poeta. O primeiro K7 é com o violonista Moacir Santos, gravado em 15 de março de 1976.

Capa de Fita Cassete (K7) do acervo de Emir Bbemerguy
Capa do K7 Moacir Santos (Violão e conversa c/ Emir) – 15/03/1976

Na próxima fita, o Coral de Santarém, com 150 integrantes, se apresenta no programa radiofônico “Domingo Mobral”. Ao piano está o maestro Wilson Fonseca e na regência, Wilde Dias Fonseca. Apresentado por Emir Bemerguy, o evento abre com a crônica “Santarém: ontem, hoje, amanhã”, criticando o modelo de desenvolvimento das cidades brasileiras. Ouça aqui:

A seguir, uma apresentação do cantor Edenmar da Costa Machado “Machadinho“, acompanhado pelo cavaco de Laudelino Silva, numa edição do programa “Poemas e canções”, da rádio educadora, em 11 de fevereiro de 1968. Esta fita estava, infelizmente, bastante deteriorada, e mesmo com tratamento de áudio, o som continuou com muito chiado.

No final da década de 70 Laudelino Silva mudou-se para Belém, e Emir propôs gravar um bate-papo recheado de execuções instrumentais, a fim de registrar a partida do tocador de cavaquinho de Santarém (que neste dia tocava um bandolim). É a gravação que se ouve aqui, de 3 de agosto de 1979.

Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy
Capa do K7 Laudelino e Emir (3/8/1979). Regravação: 29/7/1994.

Em seguida temos uma reunião na casa de Emir, com MachadinhoLaudelino, e seus filhos Lúcio e Ércio, em 6 de julho 1988. O objetivo, segundo o anfitrião, era “passar alguns momentos tocando violão e bandolim, revivendo instantes preciosos e mágicos que se foram”.

Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy.
Capa do K7 Machadinho, Laudelino, Emir, Emirzinho, Lúcio, Ércio (06/07/1988)

Nas próximas 3 fitas temos: o compositor Wilson Fonseca “Isoca”, ao piano, interpretando 22 das suas composições, numa tocada em 23 de outubro de 1994. Em seguida ouvimos 11 músicas ao som do órgão de  Agostinho Fonseca, filho do maestro Isoca; e depois pai e filho tocam juntos.

Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy, com músicas do maestro Wilson Fonseca, de Santarém, Pará.
Capa do K7 Isoca (Canções próprias) 1987. REG: 23/10/1994.

Agostinho Fonseca:

“Isoca” e “Tinho”:

A fita seguinte é uma coleção de faixas com a participação do radialista Osmar Simões (1918 – 1984), um dos fundadores da Rádio Rural de Santarém. São gravações diversas: entre elas temos uma transmissão radiofônica de uma apresentação do Coral de Santarém (faixas 1 a 3); uma entrevista com o historiador Paulo Rodrigues dos Santos, de 1968 (faixas 7 e 8); e a última crônica no rádio de Osmar Simões, de 4 de julho de 1984, sobre a inauguração da rádio rural de Santarém.

As próximas 7 fitas nos trazem a fala do próprio Emir Bemerguy.

Na primeira ele recita 13 dos seus poemas, numa gravação de julho de 1972. Os próximos dois K7 são de crônicas, lidas regularmente no microfone da rádio tropical de santarém (a primeira é de 1987; a segunda, de 1990).  Depois temos mais duas fitas (a primeira de 72, a segunda de 76) com várias dezenas de poemas recitados. Como são muitos poemas, recomendo ler os títulos deles nas imagens escaneadas das “capinhas”, que estão sobre cada player. E em seguida temos mais duas fitas, gravadas com um depoimento que o poeta deu para o historiador Cristovam Sena, no ano de 1992 (a primeira parte foi feita em 25 de novembro daquele ano, e a segunda, em 17 de dezembro).

Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy, recitando poemas santarenos.
Capa do K7 Poemas Santarenos de Emir Bemerguy (8/7/1972)
Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy, com crônicas do poeta santareno.
Capa do K7 Crônicas de Emir Bemerguy – 20/06/1987

Crônicas de Emir, vol. II:

Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy, com poemas recitados.
Capa do K7 Meus poemas (I). (13/8/72)
Capa de fita cassete (K7) do acervo de Emir Bemerguy.
Capa do K7 Meus poemas (II) (29/2/76)

Depoimento de Emir para Cristóvão Sena, parte I:

Depoimento de Emir para Cristóvão Sena, parte II:

Vou finalizar a postagem com uma gravação de 1968. Nela, o Emir, ao lado do amigo Arnaldo de Freitas Braga, canta para este último três músicas: Extremo Consolo (Emir Bemerguy / Wilson Fonseca), Valentia e Volta (essas duas com letra e melodia de Emir). A fala final do Arnaldo sintetiza muito bem o sentimento que tive ao ter acesso ao acervo sonoro do Emir Bemerguy, e por isso a coloquei para fechar essa coleção. Ele agradece ao poeta pelo privilégio de gozar da sua amizade e pela sua sensibilidade. Essa mesma que o fez ver a importância desses registros para a posteridade (e ainda mais num país onde o descaso com a memória é um princípio), e aos quais o tempo vai conferir cada vez mais valor.

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9 comentários em “Acervo Sonoro de Emir Bemerguy”

  1. Obrigado, Fábio! Valeu mesmo. Vou partir pra organizar todo o acervo, feito não somente de áudio, mas de textos coletados, cartas, diários, etc.

    Lila

  2. Fábio, não sei se te dou parabéns ou agradeço…
    Sou filha do Moacir e trabalhei com Sr Emir, logo, fã apaixonada dos dois e suspeita para falar.
    Muuuuito obrigada por esse presente maravilhoso, amei!
    Nonata Canto

    1. Obrigado, Nonata!
      Conheci o talento do Moacir nessas gravações do Emir, mas já ouvia falar muito bem dele antes, através de outros músicos aqui de Santarém. E agora, assim como tu, sou grande fã dos dois também. 🙂

      Um abraço

  3. Uma preciosidade, Fábio. Contribuição de vulto este teu trabalho com os áudios de Emir Bemerguy. Uma parte da memória de Santarém preservada, até para enriquecer a pesquisa sobre o rádio em nossa cidade. Terei, por certos, novos adendos para uma próxima reedição do meu livro SANTARÉM NO EMBALO DOS ANOS 60, no capítulo sobre a Rádio Rural, que estou preparando.

    Muitíssimo obrigado.

    Jairo Linhares

    1. Oh, Jairo; também agradeço pelas palavras. Quisera ainda poder agradecer o Emir também, que fez o trabalho mais valioso mesmo.
      Fique à vontade pra consultar, baixar e espalhar esses registros. Ainda tenho mais fitas pra digitalizar, e pretendo fazer isso o quanto antes, para servir de referência para os historiadores, pesquisadores e interessados em geral.

      Um grande abraço.

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