Biografia

Fábio Cavalcante nasceu em Belém do Pará, em 1976. É músico com destaque na área da composição e produção fonográfica. Gravou todos seus discos pelo próprio selo, independente e caseiro, – FGC Produções. O primeiro foi o “FGC Vol. 1“, em 2001, com instrumentos virtuais e uma profusão de sons eletroacústicos. Em Ourém-PA, onde morou por 5 anos, gravou os “FGC Vol. 2” (2003) e “FGC Vol. 3” (2004), que mais tarde foram reunidos sob um único título – FGC Vols. 2 e 3 – devido à proximidade estilística, que incluía o uso de instrumentos acústicos e ritmos tradicionais do Estado. Em 2006, com apoio do Instituto de Artes do Pará, gravou o disco Doristi, acompanhado de um songbook e um livro de teoria musical onde apresenta o sistema de organização melodico-harmônica Doristi. Desde então, muitas criações suas são baseadas neste sistema.

FGC Vol. 5, seu quarto disco, foi lançado em 2009 – um EP com duas músicas fazendo referência aos antigos discos de 78rpm; e em maio de 2011 lançou, com apoio do Instituto de Artes do Pará, o “Músicas de Domínio Público do Folclore Santareno“, gravado junto com a Filarmônica Municipal de Santarém. O disco fez parte do projeto homônimo que também gerou livros de partituras com temas musicais tradicionais de Santarém.  No mesmo 2011 lançou o “Do meio do século XX para o XXI“, interpretando músicas de José Ribamar Cardoso (Mestre Cardoso), compositor da cidade de Ourém/PA, e usando samplers, sintetizadores e sequenciadores. A partir de 2015, com o lançamento do single Allemande, o músico passou a lançar suas obras nesse formato, e não mais reunidas em álbuns. Allemande é um arranjo eletrônico para o primeiro movimento do Solo para Flauta Transversal de J. S. Bach, e foi feito para um desfile de moda com peças de vestuário confeccionadas a partir dos tecidos da exposição “Design de superfície na Amazônia”, da artista plástica Luciana Leal.

Galo de Campina (2006)

Além dos seus próprios, produziu discos e gravações de outros músicos, como a coletânea “Bois de Ourém, Vols. 1 e 2” (2005), com os bois-bumbás ouremenses Flor-do-campo, Ouro Fino, Pai-do-campo e Geringonça; o “Galo de Campina” (2006) de Mestre Cardoso; “Nas entranhas da Selva” (2010), do compositor santareno Chico Malta, “Movimento de Roda de Curimbó” (2012), do grupo homônimo, capitaneado por Chico Malta; “Carimbó do Arapiuns” (2012), de Juvenal Imbiriba, compositor da comunidade de São Pedro, no rio Arapiuns, oeste do Pará; e “Te trago da minha terra” (2013) do grupo vocal santareno Vozes Caboclas, no qual fez direção musical, arranjos, gravações e mixagens. Na rádio comunitária Tembés FM de Ourém, entre os anos de 2004 e 2006, produziu e apresentou o programa semanal “Sala de Reboco”, realizando mais de 3 mil registros musicais de artistas e de manifestações culturais do município, a maioria dos quais nunca havia gravado em estúdio. Entre eles estão Rivaldo Lopes, Mestre CardosoMestre Faustino, Iraçu Silva, Deco e Comissão de São Benedito de Ourém. Também organizou, junto com a Sec. de Cultura Municipal, o I Arrastão dos Bois de Ourém, em 2006. Em 2007, através do programa Matrizes Ancestrais, do Instituto de Artes do Pará, fez o registro em áudio para CD da Folia do Divino e da Sussa, em São João do Araguaia-PA, da Dança do Gambá, na comunidade de Ilhéus (Aveiro-PA), e das festividades de São Benedito, no bairro do Jurunas, em Belém.

A parceria com Mestre Cardoso, que começou com a produção do disco “Galo de Campina“, foi frutífera: em 2008, a convite do maestro Mateus Araújo, auxiliou na montagem do concerto em homenagem ao mestre, onde foi apresentada, entre outras, a sua peça “Mestre Cardoso Direto”, executada pela Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz; também em 2008 atuou como flautista e arranjador na participação de Cardoso no XXV Festival de Música Ouremense, onde ele ganhou o prêmio “Preferência Popular”, cantando a música “Não sou norte-americano”; em 23 de maio de 2009 acompanhou o mestre (junto com Allan Carvalho e o Batalhão da Estrela do Boi Pavulagem, comandado por Rafael Barros) num especial do programa Cena Musical, da TV Cultura do Pará; e, a partir de 2007, organizou diversas participações do Cardoso em eventos do Boi Pavulagem, de Belém.

Compôs peças para diversas formações instrumentais (piano-solo, música de câmara, grande orquestra e etc.). Sua primeira obra executada publicamente foi “O Diabo na Terra das Bananas“, em 1995, pelo cellista Arthur Alves, em recital no Theatro da Paz.

Trio Guapo (1998)

Na década de 1990 criou e participou de quatro grupos musicais: Grupo “sem nome” (com Floriano Neto e Hugo Rocha Jr.), que fez uma única apresentação, em 1995, na sala Ettore Bosio do conservatório Carlos Gomes, tocando a peça coletiva “À mesa do jantar”, com diversos instrumentos não convencionais como uma furadeira, um toca-discos e um latão; Tanguru-pará, grupo para-folclórico do bairro de Canudos, tocando flauta transversal e preparando os arranjos; Trio Guapo, em parceria com os músicos Allan Carvalho e Marcio Macêdo; e Urucubaca (com Gabor Tury, na bateria, e Príamo Brandão, no contrabaixo), que atuou no ano de 1999. 

Como flautista, até o ano de 2001, tocou e gravou com vários músicos paraenses: Luís Girard, Ziza Padilha, Pedrinho Cavalero, Olivar Barreto, Mario Moraes, Tadeu Pantoja, Eduardo Dias, Ronaldo Silva, Pedrinho Callado, e etc. No ano de 1997, ganhou o prêmio de melhor arranjo no I Festival de Música Universitária, com música de Allan Carvalho (Genoveva), interpretada por Luís Girard. Em 98 atuou como diretor musical de três espetáculos musicais em Belém do Pará: Cantos do Brasil, de Edelmiro Soares; Eu Canto, de Olivar Barreto; e Preto no Branco, de Luis Girard.

Artesanato Furioso (2007)

Em 2000, com o compositor Valério Fiel da Costa, criou o duo de música eletroacústica e improvisação livre “Artesanato Furioso“, pioneiro do gênero no Estado. Apesar dos dois compositores morarem em regiões diferentes, o duo realizou sete apresentações, todas elas nas oportunidades em que ambos estavam juntos em Belém, disponíveis para planejar as montagens. Foram elas: no galpão da Cia. Atores Contemporâneos, em 2000; no Cemitério da Soledade, em 2001; no Espaço Bufo, em 2002; na Ponte Gov. Almir Gabriel, em 2003; durante o IV Encontro Nacional de Compositores Universitários, em Belém, em 2006; no ICA, em 2007; na Pauta Maldita do Teatro Waldemar Henrique, também em 2007; e novamente no ICA, em 2009. 

A partir de 1999, com a peça “Macunaíma em o fim do que não tem fim”, dirigida em Belém por Wlad Lima e Karine Jansen, produziu diversas trilhas sonoras para teatro: O Auto da índia (dirigido por Adriano Barroso, 2001); Duas tábuas e uma paixão (de Wlad Lima, 2001); Paixão Barata e Madalenas (de Wlad Lima e Karine Jansen, 2001); Orfeu (direção de Ronald Bergman, 2002); A peleja da Princesa Mariana; Ora noite, ora dia; Sirêrios (esses três do grupo Inbust – Teatro com Bonecos); Negra memória (de Ronald Bergman, 2008), e “Espetáculo de você” (de Leandro Cazula, 2015). Também criou a trilha para o programa infantil Catalendas, do grupo Inbust, produzido pela TV Cultura do Pará, e para três projetos audio-visuais do diretor Cássio Tavernard: A Onda – A Festa na Pororoca (2005), O Rapto do Peixe-boi (2009, dirigido em parceria com Rodrigo Aben-Athar) e Chico Tripa (2009). Produziu as ambientações sonoras para instalações do artista plástico Alexandre Sequeira (Impressões de um lugar, 2004; e Meu mundo teu, 2007), da fotógrafa Lila Bemerguy (Diário do papel, 2003; e Fresta, 2008), e da artista plástica Luciana Leal (Variáves, 2010). Em 2012 criou a trilha do curta de animação “Quem vai levar Mariazinha para passear?” (dirigido por André Mardock).

Olhar Brasil (2010). Foto: Ascom/Funcaju

Ministrou, pelo projeto “Olhar Brasil”, oficinas de “Trilha Sonora para áudio-visual” em Belém (IAP, 2008) e em Aracaju (NPD-Orlando Vieira, 2010), e em 2008, a oficina de “Trilha Sonora para teatro”,” no município de Igarapé-açu, pelo projeto do governo estadual “Cena Interior”. Nos anos de 2001 e 2002 ganhou o prêmio de melhor sonoplastia no I e no II Festival Paraense de Teatro, com os espetáculos “Paixão Barata e Madalenas” e “Orfeu”.

Nos anos de 2007 e 2008, com o músico Allan Carvalho, coordenou e dirigiu os cantos dos participantes dos arrastões do Boi Pavulagem, de Belém. Em 2008 trabalhou com o grupo Curimbó de Bolso, liderado pelo compositor Felix Faccon, preparando os arranjos e tocando flauta doce em apresentações. Em 2009, com a artista plástica Luciana Leal, sua esposa (e a responsável pelos projetos gráficos dos seus trabalhos) fez o curta de animação “Ovelhas”, baseado numa ideia de Inaê Nascimento. O curta foi o primeira da “Só H – Produções Áudio-visuá“, um projeto independente onde a ideia é produzir vídeos pra postar na internet, mas sem cronograma nem pressa.

Trabalhou como técnico em edição de partituras nos projetos dos livros “Cantação de rua” (2008), do Instituto Arraial do Pauvulagem; “Sons dos tambores” (2006), com 30 carimbós de Mestre Verequete; e “Pássaros e bichos juninos – Históricos e enredos” (2008, IAP) com músicas dos cordões de pássaros de Belém.

Graduado em Música em 1997, pela Universidade do Estado do Pará, foi professor, nesta mesma Universidade, das disciplinas “Estruturação musical” e “Arranjo e Improvisação”, nos anos de 1999 e 2000. Entre 2009 e 2011, no campus de Santarém, ministrou as disciplinas “Fundamentos do Fenômeno Sonoro” e “Arranjo e improvisação“.

7 Set independente (2010)

Em janeiro de 2010 fez uma participação no programa 7 Set Independente, onde apresentou-se pela primeira vez com o instrumental que vem usando desde então nas suas produções (controlador ligado à sampler, sintetizador e sequenciador). Em 2010 mudou-se para a cidade de Santarém, no oeste do Estado do Pará, e neste mesmo ano atuou na montagem do espaço “Estúdio Livre”, do Coletivo Puraqué, visando o registro e mapeamento musical santareno. Neste espaço fez o registro (em áudio, vídeo e partitura) do grupo Nossas Lembranças, e do compositor Chico Malta, e, junto ao Coletivo, organizou o Festival de Música da I Feira Cultura Digital dos Bairros de Santarém, em abril de 2010.

Entre abril de 2014 e março de 2017 trabalhou como Técnico em Assuntos Educacionais na Diretoria de Cultura da Universidade Federal do Oeste do Pará – Ufopa, atuando também na coordenação e/ou organização de eventos culturais e extensionistas da Universidade, como o I Fórum de Música de Santarém; o I Seminário de Cultura da Ufopa; o II Festival de Música da Ufopa – II FestUfopa; e o Wirapu’ru – Encontro Internacional de Música na Amazônia. Na mesma Diretoria coordenou os projetos de extensão Cine Mais Cultura, Protagonismo Estudantil e Promoção das Culturas em Escolas de Educação Básica de Santarém, e Estúdio de Áudio e Vídeo da Ufopa. E através deste último, também na função de técnico de áudio, gravou, entre outros produtos, os álbuns virtuais Se Anama Itá (EP com cinco faixas do pajé Paulo Borari), A Lenda do Cavalo Encantado (do compositor Francisco Antônio Batista), Oiá (do mestre santareno Laurimar Leal), e Sem Mais Delongas (do grupo de rap Yakecan). 

Lanoi Cid Art (2017)

Em agosto de 2017 fez seu debut musical na cidade de Aracaju, para onde se mudou em abril deste mesmo ano. A apresentação foi do show “Lanoi Cid Art“, na abertura do projeto Aldeia Sesc de Artes. Desde então vem gravando e lançando singles irregularmente regularmente (foram 14 desde que em Aracaju), sendo os mais recentes My Bonnie Lies Over the Ocean, de julho de 2022; Rampeira, de dezembro de 2021; e Matinta, de outubro. Seu álbum mais recente é FGC Vol. 666, em homenagem a Satã,  lançado em março de 2019.