Homenagem ao Mestre Cardoso (arquivos inéditos)

Esta postagem é uma homenagem ao Mestre Cardoso, amo do Ouro Fino de Ourém, que faleceu esse mês, dia 20, em decorrência de um câncer que o debilitou lentamente desde maio, deixando-o com grande dificuldade para andar e cantar nas últimas semanas. São entrevistas e algumas músicas ainda inéditas, um tanto antigas, mas que finalmente edito e posto aqui na internet. É um material que acredito ser delicioso, principalmente pra quem conhece o Cardoso e está a fim de saber mais dele, já que ele fala bastante sobre a sua vida e sua arte: as toadas, o auto do boi, matanças, levantações, seus métodos de compor…

Essa primeira sequência é com 4 músicas que gravei no dia 14 de setembro de 2010, em Ourém, quando lá estive para reunir material pro meu disco mais recente. O tambor e o maracá foram tocados pelo próprio Cardoso. A faixa 3, “Que alegria!”, trata de um acontecimento que ainda estava “quente” na época – o reencontro do Mestre com seus familiares, quase 60 anos depois de sair da sua terra natal (essa história está contada aqui).

Arlindo Matos, na casa de quem foram feitas essas gravações, registrou em vídeo o momento que o Cardoso canta “Avião Francês”, a toada que trata, assim como tantas outras do Mestre, de uma notícia “internacional”: a tragédia com o Airbus A330 da Air France, que havia caído no Atlântico no ano anterior. É o video editado pelo Arlindo que eu coloco aqui:

As entrevistas a seguir (exceto a da primeira faixa) foram todas feitas no programa “Sala de Reboco”, que apresentei entre 2004 e 2006, na rádio Tembés FM, em Ourém. Muitas vezes o Cardoso fala das músicas que iam ser apresentadas no dia da entrevista, mas os assuntos são os mais variados. Na segunda faixa (o Dominó) ele explica um jogo fantástico no uso da memória e da criatividade, que era praticado entre os amos de boi do seu Piauí – o Dominó, onde as peças eram substituídas por toadas rimadas, que eram postas no terreiro ao invés de postas na mesa. Na terceira faixa (A vinda para o Pará), ele conta o caminho que fez, boa parte a pé, quando saiu de Parnaíba, aos 20 anos, até chegar em Ourém, em 1993. A primeira foi feita em casa em dezembro de 2003, pouco depois de conhecê-lo. Cardoso fala sobre seu início na arte do boi, sua saída de Piauí, o costume de tirar licença para a brincadeira, o boi em Ourém, os personagens do auto, as dificuldades e o amor pela arte do boi-bumbá. Bem, os temas são diversos mesmo. Confira a seguir:

Reuni no álbum abaixo as fotos que tirei do Mestre ao longo desses anos. A mais antiga é da sua participação na FEMPO, a Feira de Música e Poesia de Ourém, em 2005. As mais recentes são do show que fizemos juntos em 2011, em Belém, no lançamento do meu disco “Do meio do século XX para o XXI”, todo com composições do Mestre. No caminho, as brincadeiras nas ruas de Ourém, nas rádios, no Teatro da Paz e nos arrastões.

Mestre Cardoso - Lavrador de toadas, Compositor do mato (1933-2012)

Quem quiser ouvir a obra do Cardoso pode acessar esta página no site da FGC Producões. Lá estão disponíveis, para ouvir e baixar, mais de 120 músicas, além de outros vídeos e imagens. Aqui mesmo, no Blog FGC, publiquei diversas postagens sobre ele (com esta são 12). Elas estão reunidas aqui.

Chapéu, maracá e jaqueta de Mestre Cardoso, amo do boi Ouro Fino, de Ourém.
Os apetrechos do Mestre
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Cabocla Mariana na praia de Ponta de Pedras

A convite da Prof. Carla Ramos, que coordena o projeto “Mapeamento das Casas e Terreiros de Religiões de Matriz Afro-brasileira na cidade de Santarém/Pará”, da UFOPA, fui à praia de Ponta de Pedras (Santarém/PA) na noite de 10 de novembro de 2012, durante uma festa em homenagem à Cabocla Mariana, que reuniu diversas casas de religiões afro-brasileiras de Santarém. Deixo aqui disponíveis alguns dos batuques que tive o prazer de ouvir e gravar por lá.

O álbum a seguir são com imagens dessa noite.

Festa para Mãe Mariana

Se quiser baixar todas as músicas, clique aqui (arquivo zip).

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Gambá de Aveiro

O Gambá é celebrado na vila de Pinhel (município de Aveiro/PA) nos últimos dias do mês de junho, em homenagem a São Benedito. O termo “Gambá” significa tanto a dança, quanto o ritmo, a festa e o principal instrumento usado na festividade – o tambor de tronco oco. Além dos tambores, as toadas do Gambá de Aveiro são acompanhadas por tocadores de caixa, reco-reco e ganzá.

Os 25 gambás desta postagem foram gravados em 29 de julho de 2007, no projeto do selo “Matrizes Ancestrais”, do Instituto de Artes do Pará (IAP), coordenado por Walter Freitas e Walter Figueredo, e que buscava mapear e registrar as festividades tradicionais paraenses. Além das folias, na última faixa dessa coleção você ouve uma ladainha com os moradores de Pinhel, que também tive a oportunidade de gravar. A ladainha, é importante dizer, também é parte integrante desta festividade. Os músicos são: Teodoro da Silva (tambor), Edgar Carvalho (tambor), Reimar Carvalho (tambor), Belinho Deodato (reco-reco), Tiago Deodato (mestre cantor e caixa), Altino dos Santos (mestre cantor e caixa) e Maciel Xavier Cardoso (mestre cantor e caixa).

Essas gravações foram lançadas em CD pelo IAP, em abril de 2008.

Capa do álbum Gambá de Aveiro, lançado pelo Instituto de Artes do Pará
Capa do álbum Gamba de Aveiro (IAP, 2008)

Para baixar as toadas (com a ladainha) em um único arquivo, clique aqui (arquivo zip). E para saber mais sobre o Gambá, visite também esta página, na Rede Mocoronga.

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Juvenal Imbiriba – O valor do caju

Mais uma palhinha do disco que vem aí com os carimbós do Juvenal Imbiriba, compositor da comunidade de São Pedro, na região do Arapiuns (Santarém/PA). Aqui ele faz a propaganda do suculento, no “O valor do Caju”.

Catalendas (Trilha Sonora Original)

A nova trilha sonora que fiz pro programa “Catalendas” (criação do In Bust Teatro com Bonecos, dirigida por Roger Paes e produzido pela TV Cultura do Pará), e que esse ano voltará com episódios inéditos, está disponível na internet neste álbum que preparei junto com a trilha anterior, de 2002.

OUÇA NA SUA PLATAFORMA PREFERIDA:

Ele pode ser ouvido também nessas e noutras plataformas: Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon.

A arte da capa é da Luciana Leal. As imagens a seguir são do processo de feitura dela.

O “Catalendas” têm um canal no YouTube com diversos programas disponíveis, além de entrevistas. É o local perfeito pra conhecê-lo ou revê-lo. Visite-o aqui

O vídeo a seguir é da abertura da temporada 2012.

O songbook da trilha contém as transcrições das 24 gravações originais. São diversas formações, de solos instrumentais (como “Festa no interior II”, para sax alto, e “Primeira dança negra”, para sax soprano) ao quinteto de sopros e cordas em “Lendas”. O livro tá disponível na Amazon e na SheetMusicPlus.

Capa do songbook da trilha sonora do programa Catalendas

Segue uma amostra com duas partituras e suas respectivas gravações – “Festa no interior II”, e “Terceira dança do índio”.

Partitura completa da música Festa no interior II, da trilha sonora do programa infantil Catalendas
Partitura completa da música Terceira dança do índio, da trilha sonora do programa infantil Catalendas

Pra esta mesma “Terceira dança do índio” (aí de cima) eu fiz uma regravação recente com teclado e flauta doce contralto, postada no vídeo aí de baixo.

No embalo da feitura do songbook, preparei também este “songvideo” pra trilha do Catalendas. Estão aí as 24 faixas do álbum, e com um bônus em relação aos demais serviços de streaming: correm juntas as cifras e as partituras das melodias principais. É também o primeiro álbum completo que disponibilizo no YouTube, que (sem querer!) deixei bem atrasado em relação às outras plataformas (vou tentar tirar esse atraso o mais breve possível!). Veja, ouça, curta e toque junto com o resultado:

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Do meio do Século XX para o XXI

Gravado entre agosto de 2010 e junho de 2011, em Ourém e Santarém/PA, este álbum é resultado de um Edital Prêmio SECULT de Música, e todas as músicas dele são de autoria de José Ribamar Cardoso (Mestre Cardoso), amo do Boi Ouro Fino de Ourém. Cardoso também participações especiais nas faixas 1, 4 (voz), na faixas 10 (percussão), e na faixa 11 (percussão e voz).

OUÇA NA SUA PLATAFORMA PREFERIDA:

Projeto Gráfico e fotos são de Luciana Leal, e as fotos usadas são reproduções de peças arqueológicas, em cerâmica, da coleção do Laboratório de Arqueologia Curt Nimuendajú, de Santarém. Nesta outra postagem estão outras propostas (7!) que a Luciana pra capa do disco.

No livreto abaixo estão todas as letras do álbum.

A seguir estão os vídeos da apresentação feita no lançamento do álbum, em 1° de outubro de 2011, no Centro Cultural SESC Boulevard, em Belém. Contei com as participações especialíssimas do Allan Carvalho (voz e violão em “Soldado americano” e “O mundo é moderno”), do Felix Faccon (banjo e voz em “Mandei fazer um balão”), e do Mestre Cardoso. A filmagem foi feita pelo André Mardock e pelo Elrick Lima, a captação do áudio pelo Fabrício Rocha. A edição é minha.

Se quiser somente o áudio dessa apresentação, ouça-o no player abaixo. Para baixá-lo, clique aqui.

Morando em Santarém, a quase 800 km de Belém, consegui fazer essa apresentação em parte graças ao apoio que tive do selo Ná music (do produtor Ná Figueredo), do Sesc Boulevard, e dos amigos Arlindo Matos (de Ourém, presidente da Fundação Funcartemm), Marco Campelo, André Mardock, e da minha esposa Luciana Leal.

As imagens no álbum a seguir (também do André Mardock e Elrick Lima) são desta noite.

Cartaz por Luciana Leal
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