Quintessência é uma canção que fiz essa semana e que começarei a gravar. As duas melodias acima são solos instrumentais que enfiei no meio e no final da gravação.
A letra de Quintessência é essa:
Tão bom te ver nua no bar Ainda mais que não vou pagar Eu só preciso que tu desças desse andor
Trouxe pra ti novo maná O tauari, o tarubá Agora é mister que renegues o senhor
Quando o lobisomem come o homem A claque vibra de horror E eu vibro de birra Eu vivo de vibrar Eu vibro de vibrador
Ah, vá pra quintessência Babar na indecência Lá meu pai foi, foi meu avô
Vá pra quintessência Que eu também vou
A gravação sendo feita é toda eletrônica, mas gravei rascunhos das duas melodias ao violão, pra me servirem de guia. São os que acompanham esse vídeo postado no YouTube.
Na feira de Maringá Rampeira de Pernambuco A freira quererá Brincadeira com o eunuco Arreia, senta a pua Cabeceia nua
Rampeira de Maringá Na feira de Pernambuco A feia quererá Brincadeira com o cabrunco Ateia que é fogo Chicoteia que é nu
Na feira de Maringá Rampeira de Pernambuco Rampeira de Maringá Na feira de Pernambuco Maringuei, tô maluco Quero a que tem dor
As 3 estrofes da letra são cantadas sobre a mesma melodia, que é essa:
A publicação no YouTube traz letra e cifras.
E a partitura do arranjo completo está neste songbook abaixo, disponível na Amazon. Ele vem com letra cifrada, grade completa e partes cavas para voz, piano, piano elétrico, sintetizadores e contrabaixo.
Pretinha d’Angola é uma dança tradicional do Pará. Dançada desde o tempo da escravidão, a coreografia tradicional, feita só por mulheres, acompanha e imita os gestos descritos nos versos, que também vêm dos antigos escravizados. É uma música que toquei aos montes, muito quando flautista do grupo para-folclórico Tanguru-Pará.
Essa gravação foi feita em agosto de 2021. Ouça, curta e comente à vontade.
A arte capa é de Luciana Leal. As imagens abaixo guardam um pouco do processo criativo dela.
O songbook com transcrição das duas vozes (voz e baixo) está na aqui na Amazon. Acompanha as partes cavas e letra cifrada.
Pretinha d'Angola - Songbook (2021, Aracaju, Sergipe). Para voz e contrabaixo. Com grade, partes cavas, e letra com cifras.
Quanto à letra, gravei ela da forma que gravei porque era assim que cantávamos no Tanguru-Pará. No entanto, dependendo do lugar ou do grupo a cantar, são comuns variações melódicas e nos versos. Cito aqui, a título de registro, duas estrofes que não gravei, mas que são comumente cantadas: “Arranca, arranca o meu carão / Meu carão tá duro, eu não posso arrancar“, usualmente cantada logo após “É assim que a cabra pula / É assim que a nega rebula“; e “As pretinhas d’Angola, oxalá / Preta ficou, oxalá / Quem matou, quem roubou, as pretinhas d’Angola oxalá ficou“.
Bem, eis a letra tal como gravei:
Oh, que preta é aquela que vem acolá? É pretinha d’Angola d’Umarizá
É d’Umarizá ,é d’Umarizá É pretinha d’Angola d’Umarizá
Atrepei pelo toco, desci pelo gaio Oh, morena, me apara senão eu caio
Eu caio, eu caio, eu caio, eu caio Oh, morena, me apara senão eu caio.
Eu vi andorinha, eu vi avoar Eu vi borboleta nas ondas do mar
Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi Eu vi borboleta nas ondas do mar
Olha a surucucu que quer te pegar No toco da cana do canaviá
Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi No toco da cana do canaviá
O que te fizeram? O que te fizeram? No toco da cana do canaviá
Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi No toco da cana do canaviá
Enrola boi na maresia Enrola boi-bumbá Eu quero ver a nega rolar Enrola boi-bumbá
Enrola bem, enrola mal Enrola boi-bumbá Eu quero ver a nega rolar Enrola boi-bumbá
Oh, me rala esse coco e me dá um pedaço Depois tira o leite e me dá o bagaço
É assim que a cabra pula É assim que a nega rebula
Mamãe pisa o milho; ó, filho, eu tô pisando A senhora pisa e eu vou peneirando
Eu vou peneirando, eu vou peneirando A senhora pisa e eu vou peneirando
Eu tava na minha casa, marimbondo me ferrou Eu tava na minha roça, marimbondo me ferrou
Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu
Me ferrou na cabeça – Marimbondo sou eu Me ferrou no pescoço – Marimbondo sou eu Me ferrou na minha boca – Marimbondo sou eu Me ferrou no meu peito – Marimbondo sou eu Me ferrou na barriga – Marimbondo sou eu Me ferrou no gostoso – Marimbondo sou eu
Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu
Laurimar leal (grande Mestre da arte plástica santarena) em uma entrevista em 2010 (feita no âmbito do projeto “Músicas de Domínio Público do Folclore Santareno“, que desenvolvi com o apoio de uma bolsa do Instituto de Artes do Pará), lembra que, até por volta de 1945, o carnaval santareno era animado pelo grupo de Pretinhas d’Angola, que brincavam e dançavam nas casas de particulares. E mais: ele traz à tona uma discussão sobre o termo “Umarizá”. É que, em Belém, os grupos cantam assim: “É Pretinha d’Angola do Umarizá“, dizendo ser uma referência ao bairro do Umarizal (hoje um dos mais caros da capital paraense, mas que, a maior parte do tempo, foi bairro popular com forte presença negra). Laurimar afirma que desde criança ouvia a música sendo cantado em Santarém com o verso “É pretinha d’Angola do Urumarizá“, referindo-se à antiga região da cidade chamada de Urumarizal, e que hoje é o bairro do Urumari. “Umarizá” seria uma adaptação e invenção posterior dos belemenses. A entrevista completa com Laurimar está aqui:
Urubu Malandro é um antigo tema folclórico da região norte do estado do Rio de Janeiro (e há debates sobre sua real autoria), e um clássico do repertório do chorinho. Sua influência na história da música popular brasileira pode ser medida na quantidade de citações e coisas às quais deu nome: grupos musicais (aqui, aqui, aqui, aqui), eventos e publicações como os cadernos Urubu Malandro do Clube do Choro de São Paulo.
O songbook desse lançamento, com grade completa e partes cavas para órgão eletrônico, violão, piano, e sintetizadores de baixo, está disponível aqui no site da Amazon.
E essa é uma transcrição que fiz do tema, e que serviu de base pra gravação.
Pra finalizar, deixo aqui as duas gravações mais antigas do Urubu Malandro. A primeira é a de Lourival Inácio de Carvalho, o Louro, gravada em 1913, e que saiu com o título de “Samba do Urubu”, além de com autoria do próprio Louro. A segunda é a de Bahiano, com o Grupo da Casa Edson, gravada no ano seguinte, 1914.
Esse é meu mais novo single, “Para Deus, nada é impossível”, gravado neste agosto de 2020, num processo onde a composição foi sendo feita simultaneamente com a própria gravação no estúdio, o que lhe deu alterações abruptas de clima, como colagens. A letra, quase falada, também foi pensada desde o inicio para ser editada. A ideia foi dividir as frases em sílabas, e amontoá-las umas sobre as outras. As frases então se revelam gradualmente, à medida que as sílabas soam mais distantes umas das outras. Eis a letra:
“Para Deus, nada é impossível Para Deus, nada não é possível Para Deus, nem tudo é possível Para Deus, tudo é impossível”
A partitura que preparei para o songbook tem algumas particularidades que gostaria de comentar aqui. O posicionamento das notas da parte vocal se deu com o arrastar das gravações das sílabas, e sem preocupação com os tempos da métrica. Assim, o leitor vai encontrar nesta parte da voz uma escrita desse tipo:
O garrancho que surge com o amontoado das letras corresponde ao amontoado sonoro também incompreensível da gravação, e o colchete sobre os grupos de notas delimitam o local dentro dos compassos onde as notas foram arrumadas.
Quanto ao piano, ele foi gravada em um sequenciador, e alguns trechos são inviáveis para mãos humanas. Assim, se alguém quiser tocá-los, não vai conseguir. Esse é um trecho:
O Songbook, com a grade completa e partes cavas para voz, sax barítono, piano, sintetizadores, e contrabaixo, está disponível no site da Amazon.
O lyric video no YouTube traz as cifras (onde há harmonia funcional) e letra a correr junto com a música. Se tiver interesse nisso, assista-o aqui:
A polca “Flor amorosa” foi composta por Joaquim Callado no seu último ano de vida, 1880, quando faleceu prematuramente, aos 31. O compositor e flautista já era reconhecido como a figura mais importante da cena do Choro que surgia na época. Flor amorosa foi mesmo sua última música, tendo sido publicada em partitura logo após a sua morte, com versos de Catulo da Paixão Cearense. A música se tornou um clássico do choro, e, provavelmente, a sua mais famosa composição. Neste mês de maio, gravei a música de Callado (instrumental, sem a letra de Catulo) numa versão bastante eletrônica. Ouça:
A primeira gravação de Flor amorosa é de 1902, feita na Casa Edison pelos Irmãos Eymard, na alvorada do registro sonoro no Brasil, visto que a primeira gravação no país havia sido feita no mesmo ano. Ouça aí essa delícia.
Nos últimos seis meses publiquei nos serviços de streaming 13 gravações minhas anteriores a 2013, e que ainda não estavam assim disponíveis – 2 álbuns, 1 EP e 10 singles. A mais antiga é “Retumbão” (um tema instrumental tradicional da Marujada de Bragança, no Pará), e que foi minha primeira gravação no home studio, feita em 2000. A mais recente é a cantiga infantil “Dó, Ré, Mi, Fá”, de junho de 2013.
Aproveitei essa republicação para remasterizar as antigas gravações, que também ganharam arte gráfica da Luciana Leal – com exceção dos singles “Fui passar na ponte”, “Carnaval do meu nariz e boca”, e “Dó, Ré, Mi, Fá”, cujas capas foram feitas por mim, e são, não por acaso, as mais sem graça. Além disto, preparei songbooks para 4 delas, todos disponíveis na Amazon.
Para quem quiser conhecer ou reouvir esses meus trabalhos passados, eu os reúno aqui ao lado das novas capas e songbooks. Confira:
Retumbão
“Retumbão” foi gravado em fevereiro de 2000, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Dezzer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Lundu Marajoara
Arte de Luciana LealCapa
“Lundu Marajoara” foi gravado em maio de 2000, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Dezzer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Vem vá, macaco
Arte de Luciana LealCapa
O songbook de “Vem cá, macaco”, com transcrição do instrumental a duas vozes, está disponível na Amazon.
“Vem cá, macaco” foi gravado em junho de 2003, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Dezzer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Fui à Espanha
Arte de Luciana LealCapa
“Fui à Espanha” foi gravado em outubro de 2003, e originalmente lançado em novembro do mesmo ano como uma das faixas do álbum “FGC, Vols. 2 & 3”. Para mais informações sobre esse álbum, clique aqui.
Fui passar na ponte
Arte de Luciana LealCapa
“Fui passar na ponte” foi gravado em agosto de 2003, e originalmente lançado em novembro do mesmo ano como uma das faixas do álbum “FGC, Vol. 2”. Para mais informações sobre esse álbum, clique aqui.
Não chore, não
Arte de Luciana LealCapa
“Não chore, não” foi gravado em outubro de 2003, e originalmente lançado em novembro do mesmo ano como uma das faixas do álbum “FGC, Vol. 2”. Para mais informações sobre esse álbum, clique aqui.
Ó que noite tão bonita! / Pescador da barquinha
Arte de Luciana LealCapa
O pout-porri “Ó que noite tão bonita” / Pescador da barquinha” foi gravado em janeiro de 2005, e originalmente lançado em fevereiro do mesmo ano como uma das faixas do álbum “FGC, Vol. 3”. Para mais informações sobre esse álbum, clique aqui.
Doristi
O songbook do álbum “Doristi”, com grade completa, partes cavas e letras cifradas, está disponível na Amazon.
O álbum foi lançado em jungo de 2006, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Cu cagão
Arte de Luciana LealCapa
“Cu cagão” foi gravado em março de 2007, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Dezzer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
FGC, Vol. 5
O Songbook deste EP, com melodias cifradas, está disponível no site da Amazon.
O EP foi originalmente lançado em novembro de 2009, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Carnaval do meu nariz e boca
Arte de Fábio CavalcanteCapa
O single foi gravado em fevereiro de 2012, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Catalendas (Trilha Sonora Original)
Arte de Luciana LealCapa
O álbum foi originalmente lançado em janeiro de 2013, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Deezer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Dó, Ré, Mi, Fá
O songbook de “Dó, Ré, Mi, Fá” está disponível na Amazon.
“Dó, Ré, Mi, Fá” foi gravado em junho de 2013, e está disponível nestas e noutras plataformas: Spotify, Dezzer, Apple Music, Amazon. Para saber mais sobre ele, clique aqui.
Eis uma nova canção que lanço, composta e gravada nesse mês de abril . A base rítmica foi feita com pandeiro, bongô, caxixi e sons da minha boca, alterados com efeitos diversos. Os demais instrumentos são duas flautas doces (soprano e contralto), piano, violão e contrabaixo. A letra é esta:
“O dia tá ruim Dia bom pra fugir Se disseres que vai Te tomo do teu pai Você vai rir de mim Ah, eu vou rir de mim Rir pra cacete!
Uma noite no bar Duas noite no mar Nosso segundo lar – Uma volta no mundo Do lado de ti E cravado bem fundo – Pra cacete!
Vendo o angorá Vendo os vinis Vendo os Laurimar Eu vendo-me Tenho que ir
O dia tá legal É hora de fugir Ir dormir no quintal E cagar no jardim Você vai rir de mim Ah, eu vou rir de mim Rir pra cacete!
O dia tá legal Pra pedir demissão Vou caçar peixe-boi E voltar pra prisão Pra bem junto de ti E cravado bem fundo – Pra cacete!”
Versão 1, a que ficouVersão 2. Arte de Luciana Leal
O songbook com letra cifrada e transcrição dos instrumentos ( voz, flauta doce soprano, flauta doce contralto, marimba – clave de sol, piano e contrabaixo.) está no site da Amazon.
Compus essa canção (“Hereges”) em setembro de 2017, pensando em incluí-la no que pretendo que seja meu próximo álbum, “FGC Vol. 666”. E, apesar de ter desistido dessa ideia logo depois, a canção ficou com o espírito satânico que depositei no futuro disco. A letra é esta:
“Acordei bem cedo, fiz a cama e fui – Sempre passo a perna em ti. Uma história de ir ali, pra boi dormir. Uma oração dadá prum deus gagá. Nem juntei dinheiro, acordei bem cedo e fui.
Nós somos os doidos da primeira vez – Quem põe na cruz os falsos reis. E uma cruz no ponto G, na hora H. Uma planta no altar – A bomba H. Nós somos os doidos, e somos os falsos reis.
Acordei sem medo, por isso menti – Eu virei poeta assim. Assim virei ladrão. Assim, saci. Tenho peito pra jogar-te na prisão. Acordei sem medo, com peito de Serigy.”
A gravação (iniciada na mesma época da composição, mas só finalizada em março de 2018) foi feita quase só com instrumentos virtuais, exceto por uma flauta doce soprano, na qual apliquei distorção de guitarra. O moleque Frederico também fez uma participação especial com as palavras enigmáticas (“Abô”, “Táspé”, “Oitô”). A arte da capa é da Luciana Leal, sobre uma foto minha da praia da Atalaia, em Aracaju.
Proposta pra capa.Outra proposta.Capa por Luciana Leal.
O songbook desta gravação, com transcrição para voz, flauta, violão e contrabaixo; além da letra cifrada, está no site da Amazon.