Mazurca

Esta é uma interpretação minha da Mazurca tradicionalmente tocada na Marujada de Bragança/PA. É um arranjo para duas flautas, baixo e piano, acompanhados por uma base rítmica eletroacústica. Gravei em novembro de 2017 com duas flautas doces (soprano e contralto) e instrumentos virtuais. A arte da capa é de Luciana Leal.

OUÇA NA SUA PLATAFORMA PREFERIDA:

songbook desta gravação está disponível no site da Amazon.

Capa do songbook Mazruca, de Fábio Cavalcante
Mazurca - Songbook (2018, Aracaju, Sergipe). Para flauta doce soprano e contralto, piano,  marimba (clave de fá) e contrabaixo. Com grade completa e partes cavas.

mazurca é uma dentre várias músicas tocadas e dançadas na Marujada, a festa em homenagem a São Benedito que acontece todo dezembro, desde 1798 – ano em que foi fundada, por negros escravos, a Irmandade do Glorioso São Benedito de Bragança. Um pouco do som dessa festa pode ser ouvido nessas duas postagens aqui do Blog FGC: Comissão das Colônias do Glorioso São Benedito de Bragança e Músicas da Marujada de Bragança – 2007.

A primeira tem registros da passagem de uma comissão de “esmoleiros” pela cidade de Ourém/PA, em 2004 e 2006; e a segunda, gravações de retumbãoxote e chorado, tocados na festa de 2007.

Trabalhei com essa mesma mazurca, ainda neste ano de 2017, num arranjo bem mais eletrônico. Foi para este vídeo gravado no Vila Aju (na época se chamava Aju Hostel), em junho passado, pouco tempo depois de ter chegado, para morar, em Aracaju.

Tanto a arranjo o vídeo acima quanto desta nova gravação apresentada no início da postagem foram baseados neste arranjo para piano.

Mazurca for piano solo - Capa do livro
Mazurca (2017, Aracaju, Sergipe). Arranjo a 3 vozes para piano.
Atualização de 22 de julho de 2021:

Ainda mexendo com esse tema (que eu adoro, deu pra sacar, né? 😉 ) fiz esse vídeo tocando-o num arranjo a duas vozes, bem simples (simplório mesmo!), feito mais para experimentar uns timbres novos. A partitura tá logo a seguir.

Mazurca_DuasVozes_2021

Pra finalizar, vou deixar aqui transcrito o que o livro “Tocando a Memória: Rabeca“(de Maria José Pinto da Costa de Moraes, editado pelo Instituto de Artes do Pará em 2006), fala sobre essa mazurca da Marujada de Bragança, no capítulo “A Marujada e o Culto a São Benedito: Música e Dança” (páginas 63 e 64).

Capa do livro Tocando a memória: RabecaA Mazurca é a quarta dança do ritual da Marujada e a primeira das danças de origem europeia. De tradição polonesa, pode ter a forma de dança ou canto. Notabilizou-se tanto entre compositores eruditos, como Chopin, quanto entre populares, como Ernesto Nazareth e Chiquinha Gozaga.

Segundo Julio Bas (1947), possui forma binário de movimento moderado, em compasso ternário simples, apresentando o ritmo básico, no qual se observa o segundo tempo apoiado.

Partitura de percussão da mazurca - Exemplo 1

A Mazurca bragantina tem como característica regionalista o ritmo do tambor.

Partitura de percussão da mazurca - Exemplo 2

Seu andamento é o Allegro, com semínima a 160, na tonalidade de Ré Menor. A coreografia, inicialmente, tem os pares enfileirados formando um círculo, para onde se dirigem os marujos que se posicionam, movimentando-se em sentido horário. Com o desenrolar da música, as marujas giram em frente aos parceiros, mudando de posição para o braço esquerdo e retornando ao braço direito sucessivamente.

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Comissão das Colônias do Glorioso São Benedito de Bragança

Imagem de São Benedito de Bragança, no altar.
Altar para São Benedito

Os registros desta postagem foram feitos com a “Comissão das Colônias do Glorioso São Benedito de Bragança”, na cidade de Ourém, em 2004 e 2006. As comissões (elas são três: a das colônias, a das praias, e a dos campos) percorrem diversas cidades do nordeste paraense, esmolando de maio a dezembro, todos os anos. Nas casas onde são chamadas, recebem hospedagem e alimentação (geralmente por um dia), um lugar para montar o altar do Santo Preto, além de oferendas diversas (de dinheiro a animais) que são enviadas para a igreja de Bragança.

As caminhadas e estadias das Comissões são cheias de cantorias, acompanhadas por tambores, reco-reco, onça e pandeiros. Canta-se todos os dias, do levantar até pra lá das 9 da noite. O repertório é esse:
1) Alvorada, às cinco da manhã,
2) Agradecimento de mesa, após o almoço,
3) Ave maria, às 6 da tarde,
4) Bendito, depois do jantar e
5) a Ladainha, à noite. Além das folias de chegada e de despedida, ao entrar e sair de uma casa.

As gravações a seguir aconteceram em diferentes residências de Ourém, entre os dias 29 de julho e 2 de agosto de 2004. Neste ano, a comissão era formada por: Floriano Gonçalves (encarregado), Oswaldo (2° encarregado), Nazareno, Evaldo, Cearencinho, Giovani (rezadores), Celso, Waldecir (tamboleiros) e Mariano (tamboleiro e contralto). A faixa 5 é uma gravação completa da Ladainha, que as comissões rezam sem falta todas as noites, reunindo o povo, misturando português e latim, improvisando versos, e contraponteando com até 3 vozes (chamadas de contralto, “voz do rezador” (a do meio), e baixo).

Se quiser baixar todas as músicas acima em um único arquivo, clique aqui (arquivo zip).

Ao trocar de hospedagem, as comissões abrem passagem nas ruas com dois porta-bandeiras movimentando estandartes. Logo atrás vem o santo (geralmente nos braços de alguém da casa de onde acabaram de sair), protegido por um guarda-chuva levado por um membro da comissão. O batuque vem por último, e apesar de não serem numerosos, ele é muito forte. Os instrumentos são bem construídos, pintados com as cores da Marujada (vermelho, azul e branco), e audíveis de muito longe.

O vídeo a seguir foi feito em 2006, e mostra uma folia de chegada e uma folia de despedida, também em Ourém.

Em 2006, os membros da comissão eram: Zezinho (encarregado), Floriano Gonçalves, Joaquim Silva, Manoel Corrêa de Lima, Raimundo, Luís Maria e Rafael. As gravações a seguir foram feitas com este grupo, entre 14 e 16 agosto.

Para baixar as músicas acima, clique aqui (arquivo zip).

Membros da Comissão da Marujada de Bragança, em pose para foto
Em pé: Floriano Gonçalves, Luís Maria, Zezinho (encarregado), Joaquim Silva e Manoel Corrêa de Lima. Abaixados: Rafael, ? e Raimundo.

Outras imagens da passagem da comissão de São Benedito por Ourém, em 2006, podem ser vistas no álbum a seguir (clique na imagem).

São Benedito de Bragança em Ourém

Esmolando desde o mês de maio, as comissões dos campos e das colônias retornam à sede de Bragança em novembro, e no dia 8 de dezembro chega, tradicionalmente, a das praias. Em Bragança elas vão às casas dos devotos do município, até chegar o dia em que as imagens devem ser levadas e entregues à igreja.

As festividades da Marujada começam dia 18, às 5 da manhã, com a alvorada. Depois vêm ensaios, festejos, arrastões, cavalhada… uma festa maravilhosa, ao ritmo de retumbão, xote, chorados, valsas. E para ouvir algumas músicas que são tocadas no barracão da Marujada, visite esta outra postagem.

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Músicas da Marujada de Bragança – 2007

De 18 de dezembro a 1° de janeiro foi festejada a Marujada em Bragança (PA). Os ensaios no barração; a Furiosa tocando no coreto da praça; marujos e marujas de todas as idades dançando e se divertindo em louvor ao santo preto; as ladainhas das comitivas; cavalhada – que bela festa! O regional que mandava as danças pros marujos era formado por Zito e Lúcio (rabeca), Manel (Pandeiro), Zeca (Tambor), Kleber, Seu Pedro e Fernando (Banjo) e Júnior Soares (Violão).

Na festa da marujada, os marujos dançam roda, retumbão, xote, chorado, mazurca, arrasta-pé, valsa, a contradança… As gravações disponíveis aqui foram feitas por mim durante os ensaios e nos dias da festa.

Para baixar as músicas acima em um único arquivo, clique aqui (arquivo zip).

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