“Quem vai levar Mariazinha para passear?” é um curta de animação que está sendo dirigido em Belém pelo querido amigo André Mardock. O filme veio da peça homônima, escrita pela Ester Sá e pelo Maurício Franco. Ele conta de história de dois anjos (001 e 002) que, caindo na terra, e esperando uma chuva passar, contam outra história: a do amor entre o deus Eros e Psiquê. O Maurício foi também o responsável pela criação, em papel recortado, dos personagens e cenários lindíssimos. Veja aqui algumas das coisas maravilhosas que ele fez!
Esta é a trilha que criei pro curta. Com exceção da última faixa, que encerra o filme, as demais são temas bem curtos, geralmente servindo para pontuar o aparecimento de personagens. A partitura de “Mariazinha, the end”, pode ser lida e baixada aqui.
E a animação, coordenada pelo Andrei Miralha, está uma jóia. O vídeo abaixo é só um teste, já bem antigo, com a deusa Perséfone. A música de fundo é o “No reino de Hades”.
Atrito foi um projeto idealizado em 2008 pelo Renato Torres, e realizado na Galeria Theodoro Braga, do Centur, em Belém. A convite dele, participei da segunda edição, em junho daquele ano, ao lado da Daiane Gasparetto, do artista visual Ricardo Macêdo e do poeta Paulo Vieira. Foi um encontro dividido em duas partes: uma performance coletiva, sem roteiro definido, com cada um dos participantes podendo (ou não) interferir ou se deixar interferir pelos demais; e um debate com o público no final. Para a performance, eu tinha à disposição um microfone e uma mesa de som com efeitos, e resolvi trabalhar basicamente com a microfonia, que era criada facilmente naquele espaço. O vídeo abaixo é um pequeno recorte da performance, e não mostra um monte de outras coisas interessantes que lembro ter acontecido – como o Ricardo rasgando os papéis do Paulo Vieira.
O álbum a seguir, com imagens de Ilton Ribeiro, registra outros momentos daquela noite.
Este é um clipe que eu e a Luciana Leal fizemos pro “Carnaval do meu nariz e boca”. É uma música feita toda no Maschine, e que usa sons da minha boca (estalos, sugadas) e nariz (fungadas). No início tem uma espécie de making-of. O cenário é com telas da Lu que imitam azulejos, e são baseados nos desenhos das cerâmicas do povo Tapajó. Veja aqui:
Benedito Gama de Miranda é o nome de Mestre Piticaia. Nascido na comunidade do “Atola” (“pras bandas do rio Abaí”), e criado em Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, onde mora até hoje, Piticaia tem 73 anos de idade, e coloca boi há 42.
As 11 toadas a seguir foram gravadas pelo meu amigo Allan Carvalho, que esteve em Cachoeira durante o “Cordão do Galo”, projeto do Instituto Arraial do Pavulagem. O Mestre canta acompanhado por uma caixa quadrada, típica do marajó, tocada por ele mesmo.
O vídeo abaixo (gravado pelo Lucas Santana, do grupo Sancari) é do mesmo momento da gravação do áudio, com o Mestre Piticaia levando as toadas “Serena” e “Correio”.
Esta postagem é uma homenagem ao Mestre Cardoso, amo do Ouro Fino de Ourém, que faleceu esse mês, dia 20, em decorrência de um câncer que o debilitou lentamente desde maio, deixando-o com grande dificuldade para andar e cantar nas últimas semanas. São entrevistas e algumas músicas ainda inéditas, um tanto antigas, mas que finalmente edito e posto aqui na internet. É um material que acredito ser delicioso, principalmente pra quem conhece o Cardoso e está a fim de saber mais dele, já que ele fala bastante sobre a sua vida e sua arte: as toadas, o auto do boi, matanças, levantações, seus métodos de compor…
Essa primeira sequência é com 4 músicas que gravei no dia 14 de setembro de 2010, em Ourém, quando lá estive para reunir material pro meu disco mais recente. O tambor e o maracá foram tocados pelo próprio Cardoso. A faixa 3, “Que alegria!”, trata de um acontecimento que ainda estava “quente” na época – o reencontro do Mestre com seus familiares, quase 60 anos depois de sair da sua terra natal (essa história está contada aqui).
O Arlindo Matos, na casa de quem foram feitas essas gravações, registrou em vídeo o momento que o Cardoso canta “Avião Francês”, a toada que trata, assim como tantas outras do Mestre, de uma notícia “internacional”: a tragédia com o Airbus A330 da Air France, que havia caído no Atlântico no ano anterior. É o video editado pelo Arlindo que eu coloco aqui:
As entrevistas a seguir (exceto a da primeira faixa) foram todas feitas no programa “Sala de Reboco”, que apresentei entre 2004 e 2006, na rádio Tembés FM, em Ourém. Muitas vezes o Cardoso fala das músicas que iam ser apresentadas no dia da entrevista, mas os assuntos são os mais variados. Na segunda faixa (o Dominó) ele explica um jogo fantástico no uso da memória e da criatividade, que era praticado entre os amos de boi do seu Piauí – o Dominó, onde as peças eram substituídas por toadas rimadas, que eram postas no terreiro ao invés de postas na mesa. Na terceira faixa (A vinda para o Pará), ele conta o caminho que fez, boa parte a pé, quando saiu de Parnaíba, aos 20 anos, até chegar em Ourém, em 1993. A primeira foi feita em casa em dezembro de 2003, pouco depois de conhecê-lo. Cardoso fala sobre seu início na arte do boi, sua saída de Piauí, o costume de tirar licença para a brincadeira, o boi em Ourém, os personagens do auto, as dificuldades e o amor pela arte do boi-bumbá. Bem, os temas são diversos mesmo. Confira a seguir:
Reuni no álbum abaixo as fotos que tirei do Mestre ao longo desses anos. A mais antiga é da sua participação na FEMPO, a Feira de Música e Poesia de Ourém, em 2005. As mais recentes são do show que fizemos juntos em 2011, em Belém, no lançamento do meu disco “Do meio do século XX para o XXI”, todo com composições do Mestre. No caminho, as brincadeiras nas ruas de Ourém, nas rádios, no Teatro da Paz e nos arrastões.
Quem quiser ouvir a obra do Cardoso pode acessar esta página no site da FGC Producões. Lá estão disponíveis, para ouvir e baixar, mais de 120 músicas, além de outros vídeos e imagens. Aqui mesmo, no Blog FGC, publiquei diversas postagens sobre ele (com esta são 12). Elas estão reunidas aqui.
Gravado entre agosto de 2010 e junho de 2011, em Ourém e Santarém/PA, este álbum é resultado de um Edital Prêmio SECULT de Música, e todas as músicas dele são de autoria de José Ribamar Cardoso (Mestre Cardoso), amo do Boi Ouro Fino de Ourém. Cardoso também participações especiais nas faixas 1, 4 (voz), na faixas 10 (percussão), e na faixa 11 (percussão e voz).
Projeto Gráfico e fotos são de Luciana Leal, e as fotos usadas são reproduções de peças arqueológicas, em cerâmica, da coleção do Laboratório de Arqueologia Curt Nimuendajú, de Santarém. Nesta outra postagem estão outras propostas (7!) que a Luciana pra capa do disco.
No livreto abaixo estão todas as letras do álbum.
A seguir estão os vídeos da apresentação feita no lançamento do álbum, em 1° de outubro de 2011, no Centro Cultural SESC Boulevard, em Belém. Contei com as participações especialíssimas do Allan Carvalho (voz e violão em “Soldado americano” e “O mundo é moderno”), do Felix Faccon (banjo e voz em “Mandei fazer um balão”), e do Mestre Cardoso. A filmagem foi feita pelo André Mardock e pelo Elrick Lima, a captação do áudio pelo Fabrício Rocha. A edição é minha.
Se quiser somente o áudio dessa apresentação, ouça-o no player abaixo. Para baixá-lo, clique aqui.
Morando em Santarém, a quase 800 km de Belém, consegui fazer essa apresentação em parte graças ao apoio que tive do selo Ná music (do produtor Ná Figueredo), do Sesc Boulevard, e dos amigos Arlindo Matos (de Ourém, presidente da Fundação Funcartemm), Marco Campelo, André Mardock, e da minha esposa Luciana Leal.
As imagens no álbum a seguir (também do André Mardock e Elrick Lima) são desta noite.
Está no ar a mais nova produção da Só H: “É o Filho do Boto!”. Dessa vez com um novo “parceiro-cavalcante”: o Mauri. Ele entrou com sua voz na narração, e ajudou a Luciana a produzir e manipular os cenários e personagens. Confira aqui a nossa versão pra lenda do Boto:
Dedicamos nosso filmeco ao Frederico.
E este é o texto narrado (meu e da Luciana):
“Era uma vez no rio Pereré Um bicho travesso de pele lisinha Que tinha nascido num igarapé Mas ficava de pé atrás de mocinha
Em noite de festa não ficava à toa Atento, esse bicho espiava escondido Depois entrava na festa, na boa E já se juntava à de melhor vestido
Atento, o povo vigiava a mocinha Mas o bicho, esperto, era liso e fugia Levava a moça com ele, sozinha E a moça, de virgem, virava vadia
Depois de namorada, ela adormecia E no meio do mato, o bicho sumia A moça acordava sozinha e assustada Voltava pra casa e os pais já diziam: ‘Pelo que fizeste, não serás perdoada.’
Dentro do bucho crescia um garoto Que todos diziam: ‘é o filho do Boto!’ “
Os registros desta postagem foram feitos com a “Comissão das Colônias do Glorioso São Benedito de Bragança”, na cidade de Ourém, em 2004 e 2006. As comissões (elas são três: a das colônias, a das praias, e a dos campos) percorrem diversas cidades do nordeste paraense, esmolando de maio a dezembro, todos os anos. Nas casas onde são chamadas, recebem hospedagem e alimentação (geralmente por um dia), um lugar para montar o altar do Santo Preto, além de oferendas diversas (de dinheiro a animais) que são enviadas para a igreja de Bragança.
As caminhadas e estadias das Comissões são cheias de cantorias, acompanhadas por tambores, reco-reco, onça e pandeiros. Canta-se todos os dias, do levantar até pra lá das 9 da noite. O repertório é esse: 1) Alvorada, às cinco da manhã, 2) Agradecimento de mesa, após o almoço, 3) Ave maria, às 6 da tarde, 4) Bendito, depois do jantar e 5) a Ladainha, à noite. Além das folias de chegada e de despedida, ao entrar e sair de uma casa.
As gravações a seguir aconteceram em diferentes residências de Ourém, entre os dias 29 de julho e 2 de agosto de 2004. Neste ano, a comissão era formada por: Floriano Gonçalves (encarregado), Oswaldo (2° encarregado), Nazareno, Evaldo, Cearencinho, Giovani (rezadores), Celso, Waldecir (tamboleiros) e Mariano (tamboleiro e contralto). A faixa 5 é uma gravação completa da Ladainha, que as comissões rezam sem falta todas as noites, reunindo o povo, misturando português e latim, improvisando versos, e contraponteando com até 3 vozes (chamadas de contralto, “voz do rezador” (a do meio), e baixo).
Se quiser baixar todas as músicas acima em um único arquivo, clique aqui (arquivo zip).
Ao trocar de hospedagem, as comissões abrem passagem nas ruas com dois porta-bandeiras movimentando estandartes. Logo atrás vem o santo (geralmente nos braços de alguém da casa de onde acabaram de sair), protegido por um guarda-chuva levado por um membro da comissão. O batuque vem por último, e apesar de não serem numerosos, ele é muito forte. Os instrumentos são bem construídos, pintados com as cores da Marujada (vermelho, azul e branco), e audíveis de muito longe.
O vídeo a seguir foi feito em 2006, e mostra uma folia de chegada e uma folia de despedida, também em Ourém.
Em 2006, os membros da comissão eram: Zezinho (encarregado), Floriano Gonçalves, Joaquim Silva, Manoel Corrêa de Lima, Raimundo, Luís Maria e Rafael. As gravações a seguir foram feitas com este grupo, entre 14 e 16 agosto.
Outras imagens da passagem da comissão de São Benedito por Ourém, em 2006, podem ser vistas no álbum a seguir (clique na imagem).
Esmolando desde o mês de maio, as comissões dos campos e das colônias retornam à sede de Bragança em novembro, e no dia 8 de dezembro chega, tradicionalmente, a das praias. Em Bragança elas vão às casas dos devotos do município, até chegar o dia em que as imagens devem ser levadas e entregues à igreja.
As festividades da Marujada começam dia 18, às 5 da manhã, com a alvorada. Depois vêm ensaios, festejos, arrastões, cavalhada… uma festa maravilhosa, ao ritmo de retumbão, xote, chorados, valsas. E para ouvir algumas músicas que são tocadas no barracão da Marujada, visite esta outra postagem.
Este é um vídeo produzido pela Só H, onde toco um arranjo pra Luiza, de Tom Jobim. O arranjo foi feito inteiramente no Reaktor, usado também na hora da execução. A filmagem aconteceu dia 25 de junho, no antigo Centro de Tecnologia Madeireira, em Santarém-PA.
Os audios e vídeos desta postagem foram gravados em 9 de setembro, dia da abertura das festividades do Sairé, na vila de Alter-do-chão (Santarém-PA). Os foliões do grupo Espanta-cão, comandados por Mestre Servito, tocaram pela manhã, na procissão, e à noite, no Barracão.
A primeira faixa a seguir foi gravada pela manhã, durante a caminhada com os mastros do Juíz e da juíza, levados da Praia do Cajueiro até a Praça do Sairé, para serem levantados. As três faixas seguintes são da tocada no barracao, à noite. Gravados na rua e na praça, os áudios têm os ruídos desses ambientes. Se quiser baixar os musicas em um único arquivo, clique aqui.
Confira abaixo o registro em vídeo de duas folias: “Glorioso São João” e “Sempre louvemos de noite e de dia”. Esta última, tocada na hora do “Beija Santo”, quando a Juíza do Sairé oferece a imagem do Divino para ser reverenciada e beijada pelos presentes.