“My Bonnie lies over the ocean” é uma canção tradicional do folclore escocês, além de um standard da música popular ocidental – muitas, muitas e muitas gravações dela já foram feitas. Essa minha foi feita em janeiro, em Aracaju/SE. Os arranjos e instrumentos (todos virtuais) são meus, e a arte da capa é de Luciana Leal.
Se tiver interesse no arranjo completo desta minha gravação, o songbook está disponível aqui na Amazon, com letra cifrada, grade completa e partes cavas para voz, violino, fagote, trompete, piano, piano elétrico, sintetizador e baixo.
My Bonnie lies over the ocean - Songbook (2022, Aracaju, Sergipe). Para voz, violino, fagote, trompete, piano, piano elétrico, sintetizador e baixo. Com letra cifrada, grade completa e partes cavas.
Por fim, a publicação no YouTube vem acompanhada de letras e cifras síncronas. Ouça, curta e toque junto a seguir.
Na feira de Maringá Rampeira de Pernambuco A freira quererá Brincadeira com o eunuco Arreia, senta a pua Cabeceia nua
Rampeira de Maringá Na feira de Pernambuco A feia quererá Brincadeira com o cabrunco Ateia que é fogo Chicoteia que é nu
Na feira de Maringá Rampeira de Pernambuco Rampeira de Maringá Na feira de Pernambuco Maringuei, tô maluco Quero a que tem dor
As 3 estrofes da letra são cantadas sobre a mesma melodia, que é essa:
A publicação no YouTube traz letra e cifras.
E a partitura do arranjo completo está neste songbook abaixo, disponível na Amazon. Ele vem com letra cifrada, grade completa e partes cavas para voz, piano, piano elétrico, sintetizadores e contrabaixo.
A capa é da Luciana Leal. O rosto é, originalmente, um detalhe de uma estampa dela.
Por sinal, em junho passado a Lu fez um pequeno e-book contando uma história diferente da Matinta – não como a velha agourenta, e sim como “uma pequena heroína muito esperta”. Vale à pena conhecer. Por isso eu pedi e ela me deixou colocá-lo aqui.
Pretinha d’Angola é uma dança tradicional do Pará. Dançada desde o tempo da escravidão, a coreografia tradicional, feita só por mulheres, acompanha e imita os gestos descritos nos versos, que também vêm dos antigos escravizados. É uma música que toquei aos montes, muito quando flautista do grupo para-folclórico Tanguru-Pará.
Essa gravação foi feita em agosto de 2021. Ouça, curta e comente à vontade.
A arte capa é de Luciana Leal. As imagens abaixo guardam um pouco do processo criativo dela.
O songbook com transcrição das duas vozes (voz e baixo) está na aqui na Amazon. Acompanha as partes cavas e letra cifrada.
Pretinha d'Angola - Songbook (2021, Aracaju, Sergipe). Para voz e contrabaixo. Com grade, partes cavas, e letra com cifras.
Quanto à letra, gravei ela da forma que gravei porque era assim que cantávamos no Tanguru-Pará. No entanto, dependendo do lugar ou do grupo a cantar, são comuns variações melódicas e nos versos. Cito aqui, a título de registro, duas estrofes que não gravei, mas que são comumente cantadas: “Arranca, arranca o meu carão / Meu carão tá duro, eu não posso arrancar“, usualmente cantada logo após “É assim que a cabra pula / É assim que a nega rebula“; e “As pretinhas d’Angola, oxalá / Preta ficou, oxalá / Quem matou, quem roubou, as pretinhas d’Angola oxalá ficou“.
Bem, eis a letra tal como gravei:
Oh, que preta é aquela que vem acolá? É pretinha d’Angola d’Umarizá
É d’Umarizá ,é d’Umarizá É pretinha d’Angola d’Umarizá
Atrepei pelo toco, desci pelo gaio Oh, morena, me apara senão eu caio
Eu caio, eu caio, eu caio, eu caio Oh, morena, me apara senão eu caio.
Eu vi andorinha, eu vi avoar Eu vi borboleta nas ondas do mar
Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi Eu vi borboleta nas ondas do mar
Olha a surucucu que quer te pegar No toco da cana do canaviá
Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi No toco da cana do canaviá
O que te fizeram? O que te fizeram? No toco da cana do canaviá
Eu vi, eu vi, eu vi, eu vi No toco da cana do canaviá
Enrola boi na maresia Enrola boi-bumbá Eu quero ver a nega rolar Enrola boi-bumbá
Enrola bem, enrola mal Enrola boi-bumbá Eu quero ver a nega rolar Enrola boi-bumbá
Oh, me rala esse coco e me dá um pedaço Depois tira o leite e me dá o bagaço
É assim que a cabra pula É assim que a nega rebula
Mamãe pisa o milho; ó, filho, eu tô pisando A senhora pisa e eu vou peneirando
Eu vou peneirando, eu vou peneirando A senhora pisa e eu vou peneirando
Eu tava na minha casa, marimbondo me ferrou Eu tava na minha roça, marimbondo me ferrou
Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu
Me ferrou na cabeça – Marimbondo sou eu Me ferrou no pescoço – Marimbondo sou eu Me ferrou na minha boca – Marimbondo sou eu Me ferrou no meu peito – Marimbondo sou eu Me ferrou na barriga – Marimbondo sou eu Me ferrou no gostoso – Marimbondo sou eu
Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu Ai, Jesus, meu Deus, marimbondo sou eu
Laurimar leal (grande Mestre da arte plástica santarena) em uma entrevista em 2010 (feita no âmbito do projeto “Músicas de Domínio Público do Folclore Santareno“, que desenvolvi com o apoio de uma bolsa do Instituto de Artes do Pará), lembra que, até por volta de 1945, o carnaval santareno era animado pelo grupo de Pretinhas d’Angola, que brincavam e dançavam nas casas de particulares. E mais: ele traz à tona uma discussão sobre o termo “Umarizá”. É que, em Belém, os grupos cantam assim: “É Pretinha d’Angola do Umarizá“, dizendo ser uma referência ao bairro do Umarizal (hoje um dos mais caros da capital paraense, mas que, a maior parte do tempo, foi bairro popular com forte presença negra). Laurimar afirma que desde criança ouvia a música sendo cantado em Santarém com o verso “É pretinha d’Angola do Urumarizá“, referindo-se à antiga região da cidade chamada de Urumarizal, e que hoje é o bairro do Urumari. “Umarizá” seria uma adaptação e invenção posterior dos belemenses. A entrevista completa com Laurimar está aqui:
Gravei neste dezembro a Badinerie, o movimento final da Suíte Orquestral nº 2, de Bach. Nessa minha versão deixei só a melodia principal da peça original. Ela é acompanhada por uma linha de baixo e base rítmica com instrumentos virtuais.
Usualmente tocada em andamento rápido, a melodia é apresentada aqui bem mais lenta que o usual.
O vídeo no YouTube traz junto a partitura da melodia do baixo. Assista aqui:
E a arte da capa (pai d’égua, como sempre!) é da Luciana Leal.
Esse é o terceiro single que gravo com música de Bach. Os outros dois, se quiser ouvir (ou reouvir) também, foram a Fuga II do 1º livro do Cravo Bem Temperado (aqui, de abril de 2019), e Allemande do solo para flauta transversal (aqui, de 2015). Se tudo der certo, outros virão!
Urubu Malandro é um antigo tema folclórico da região norte do estado do Rio de Janeiro (e há debates sobre sua real autoria), e um clássico do repertório do chorinho. Sua influência na história da música popular brasileira pode ser medida na quantidade de citações e coisas às quais deu nome: grupos musicais (aqui, aqui, aqui, aqui), eventos e publicações como os cadernos Urubu Malandro do Clube do Choro de São Paulo.
O songbook desse lançamento, com grade completa e partes cavas para órgão eletrônico, violão, piano, e sintetizadores de baixo, está disponível aqui no site da Amazon.
E essa é uma transcrição que fiz do tema, e que serviu de base pra gravação.
Pra finalizar, deixo aqui as duas gravações mais antigas do Urubu Malandro. A primeira é a de Lourival Inácio de Carvalho, o Louro, gravada em 1913, e que saiu com o título de “Samba do Urubu”, além de com autoria do próprio Louro. A segunda é a de Bahiano, com o Grupo da Casa Edson, gravada no ano seguinte, 1914.
Esse é meu mais novo single, “Para Deus, nada é impossível”, gravado neste agosto de 2020, num processo onde a composição foi sendo feita simultaneamente com a própria gravação no estúdio, o que lhe deu alterações abruptas de clima, como colagens. A letra, quase falada, também foi pensada desde o inicio para ser editada. A ideia foi dividir as frases em sílabas, e amontoá-las umas sobre as outras. As frases então se revelam gradualmente, à medida que as sílabas soam mais distantes umas das outras. Eis a letra:
“Para Deus, nada é impossível Para Deus, nada não é possível Para Deus, nem tudo é possível Para Deus, tudo é impossível”
A partitura que preparei para o songbook tem algumas particularidades que gostaria de comentar aqui. O posicionamento das notas da parte vocal se deu com o arrastar das gravações das sílabas, e sem preocupação com os tempos da métrica. Assim, o leitor vai encontrar nesta parte da voz uma escrita desse tipo:
O garrancho que surge com o amontoado das letras corresponde ao amontoado sonoro também incompreensível da gravação, e o colchete sobre os grupos de notas delimitam o local dentro dos compassos onde as notas foram arrumadas.
Quanto ao piano, ele foi gravada em um sequenciador, e alguns trechos são inviáveis para mãos humanas. Assim, se alguém quiser tocá-los, não vai conseguir. Esse é um trecho:
O Songbook, com a grade completa e partes cavas para voz, sax barítono, piano, sintetizadores, e contrabaixo, está disponível no site da Amazon.
O lyric video no YouTube traz as cifras (onde há harmonia funcional) e letra a correr junto com a música. Se tiver interesse nisso, assista-o aqui:
A polca “Flor amorosa” foi composta por Joaquim Callado no seu último ano de vida, 1880, quando faleceu prematuramente, aos 31. O compositor e flautista já era reconhecido como a figura mais importante da cena do Choro que surgia na época. Flor amorosa foi mesmo sua última música, tendo sido publicada em partitura logo após a sua morte, com versos de Catulo da Paixão Cearense. A música se tornou um clássico do choro, e, provavelmente, a sua mais famosa composição. Neste mês de maio, gravei a música de Callado (instrumental, sem a letra de Catulo) numa versão bastante eletrônica. Ouça:
A primeira gravação de Flor amorosa é de 1902, feita na Casa Edison pelos Irmãos Eymard, na alvorada do registro sonoro no Brasil, visto que a primeira gravação no país havia sido feita no mesmo ano. Ouça aí essa delícia.
Esta é a Fuga nº 2 em dó menor, do primeiro livro do Cravo Bem Temperado, composto por Johann Sebastian Bach em 1722. As três vozes da peça, escrita para cravo, são cantadas aqui com sons de arrotos meus.
OUÇA NA SUA PLATAFORMA PREFERIDA:
A produção desta Fuga II (gravação, onde contei com a ajuda de uma latinha de coca-cola; edição de som e mixagem no Reaper) está registrada neste pequeno vídeo logo abaixo.
Em 2000, gravei uma primeira versão dessa ideia (a Fuga II “arrotada”), especialmente para uma apresentação do duo Artesanato Furioso. É a versão a seguir.
Fuga 2 em cópia manuscrita do compositor, feita no ano da composição (1722). O fac-símile completo do livro está disponível no International Music Score Library Project.