Na última sexta (6 de junho), no Teatro do Centur, aconteceu o show “Verequete Chama”, em benefício de Mestre Verequete, que estava internado há vários dias devido a uma pneumonia. A noite contou com a participação dos artistas Paulinho Mururé, Eduardo Dias e Alcyr Guimarães, dos grupos Mandinga da Amazônia, Sabor Marajoara, Sancari e Uirapuru; além da bateria da escola de samba Embaixada da Pedreira, que em 2003 venceu concurso da Prefeitura de Belém, tocando na avenida um samba criado em homenagem ao compositor.
Confira abaixo os momentos do show que ficaram por conta do carimbó pau e corda dos grupos Sancari (nas três primeiras faixas) e Uirapuru (faixas 4, 5 e 6) – este último formado em 1971, e que foi o grupo que acompanhou Verequete ao longo de sua carreira. O encerramento é ao som da bateria da escola da Pedreira.
Dia 17 de maio de 2008 estive na Escola Estadual D. Helena Guilhon, no Satélite, convidado pelo Erivelton Araújo, pra gravar a batucada do Boi Orube, formada por crianças e adolescentes. O boi Orube é um projeto criado por moradores do bairro, interessados em montar um boi-bumbá para a quadra junina deste ano.
Eles contaram com o apoio (entre outros) do Instituto Arraial do Pavulagem, que doou um boi e emprestou brinquedos; da Fundação Curro Velho, que ofereceu as oficinas de Canto (com Luizinho Lins), Percussão (Rafael Barros) e dança (Bruna); do Centro Comunitário Satélite, cedendo o espaço para as oficinas; e da Verde Móveis, que doou madeiras para a oficina de construção de instrumentos, com Mestre Ray, de Icoaraci, onde foram confeccionadas barricas, maracás, matracas, ganzás e recos. O repertório do boi Orube (que em Tupi, significa “aquele que contagia, que traz alegria”) têm diversas toadas dos Mestres Cardoso (faixas 1, 2, 3 e 6) e Faustino (faixas 4 e 5), de Ourém. Os Mestre ouremenses já tiveram suas toadas tocadas em vários arrastões do Pavulagem (confira aqui e aqui), e é com grande prazer que eu vejo as suas criações conquistando espaço fora do município de Ourém. As músicas desses amos, cantadas pelos integrantes do Boi Orube, foram registradas originalmente nos três discos que lancei com eles em 2005 e 2006 (Galo de Campina, e Bois de Ourém Vol. 1 e 2).
Ouça as gravações do Boi Orube nos links abaixo. E baixe todas as músicas em um único arquivo clicando aqui (arquivo zip).
E assista aqui no Youtube um vídeo feito durante a gravação.
Nos dias 24, 25 e 26 de novembro de 2003 fui, acompanhado da Lila e dos meus amigos Arlindo Matos e Marcilene (de Ourém), à aldeia Frasqueira, dos índios Tembé, localizada no município de Santa Luzia do Pará. A festa, que dura uma semana, é um ritual de passagem que comemora a entrada das índias na adolescência, e não era realizada há vários anos. Um barracão construído num canto da aldeia era o local onde cantavam e dançavam o Caê Caê – dança tradicional daquele povo. As músicas falam dos animais da floresta, e apenas maracas são usadas para acompanhar as vozes. A dança é uma roda, que se faz aos pares em volta do centro do barracão. Algumas vezes se dançava do lado de fora, avançando de mãos dadas, formando uma longa barreira. Aqui estão quatro momentos dos Tembé cantando o Caê-Caê.
Para baixar as músicas acima em um único arquivo, clique aqui (arquivo zip).
E logo abaixo, algumas fotos tiradas durante a festa.
As pinturas corporais são feitas com óleo de jenipapo, e ficam marcadas no corpo por aproximadamente duas semanas. Não adiante esfregar – não sai. Essas pinturas representam animais como o macaco, a onça e a cobra.
As guaribas e os mutuns ficam vários dias sendo moqueados. Quando estão bem secos, são então pilados e viram uma farinha. Dessa farinha é feito um bolo, que, segundo os costumes do povo Tembé, apenas os adultos podem comer. Então, as moças para as quais a festa está sendo feita, comem o bolo pela primeira vez.
Os áudios desse post foram gravados no dia 21 de abril de 2007 quando visitei, com minha amiga Laurenir Peniche, o terreiro de tambor de mina de Pai Brasil, no bairro Jardim Sideral, em Belém do Pará, durante uma festa em homenagem a Ogum.
Se quiser, baixe todas as músicas em um único arquivo aqui (arquivo zip).
Preparei também o vídeo abaixo com imagens dessa visita ao terreiro. Repare na galera cantando parabéns a Ogum no final.
De 18 de dezembro a 1° de janeiro foi festejada a Marujada em Bragança (PA). Os ensaios no barração; a Furiosa tocando no coreto da praça; marujos e marujas de todas as idades dançando e se divertindo em louvor ao santo preto; as ladainhas das comitivas; cavalhada – que bela festa! O regional que mandava as danças pros marujos era formado por Zito e Lúcio (rabeca), Manel (Pandeiro), Zeca (Tambor), Kleber, Seu Pedro e Fernando (Banjo) e Júnior Soares (Violão).
Na festa da marujada, os marujos dançam roda, retumbão, xote, chorado, mazurca, arrasta-pé, valsa, a contradança… As gravações disponíveis aqui foram feitas por mim durante os ensaios e nos dias da festa.
Para baixar as músicas acima em um único arquivo, clique aqui (arquivo zip).
Estão postados no Youtube os vídeos das 4 peças tocadas na apresentação do Artesanato Furioso que aconteceu no Instituto de Ciências da Arte (ICA), dia 23 de setembro de 2007, às 20 horas. A filmagem foi feita pelo Fábio Amaral. Mais informações sobre essa noitada: aqui mesmo no blog, no post “Artesanato Furioso no ICA – áudio“.
02. Kensho (Valério Fiel da Costa) Allan Carvalho: Cadeira, roque-roque, percussão, microfone e voz Cláudio Costa: Cadeira, roque-roque, percussão, microfone e voz Valério Fiel da Costa: Cadeira, roque-roque, percussão, microfone e voz
03. Cirurgião (Fábio Cavalcante) Alan Fonseca: Tarraxa de violão Cláudio Costa: Tarraxa de violão e pente. Fábio Cavalcante: Violão, pente e faca Valério Fiel da Costa: Sons gravados
04. Trash plastic (Valério Fiel da Costa / Lilian Campesato) Fábio Cavalcante: Plástico, microfone, lata de cerveja e fita gomada Valério Fiel da Costa: Plástico, copo e papel
Esta foi a segunda noite do espetáculo “Artesanato Furioso no ICA”. Mais adiante disponibilizarei os vídeos da primeira noite (22/09), com as peças “Cu cagão”, “Silêncios, peixes e assombrações subaquáticas”, “Pérola”, “Missa” e “Música de microfonia”.
Eis os vídeos da apresentação do Doristi no Teatro Waldemar Henrique, no dia 15 de fevereiro de 2007, às 24 horas. Essa apresentação foi a abertura da projeto “Pauta Maldita”, que pretendia acontecer quinzenalmente, à meia-noite, mas que morreu na segunda edição, onde também participei, com o Artesanato Furioso. Infelizmente a gravação de áudio ficou péssima – o plug do gravador foi colocado no buraco errado da mesa (AARghh!). A gravação ficou baixinha e com chiado, e, irritado, pensei até em não postar nada do show. Passada a irritação, tô aqui postando tudo.
No repertório estão as músicas Alga Vive, San Ozama, Toada, Kaura-um, Retumbão, Lundu, Abacaba, Augé, Urubu, Ongom ongom, Very cat e Zaparip. Todas são do disco Doristi, exceto Urubu, parceria minha com o Allan Carvalho, e uma homenagem ao Waldemar Henrique, que no dia da apresentação faria 102 anos de idade. Jogando com a ideia de inversão da teoria doristi, eu Allan compusemos este “inversão” do sentido da letra de Uirapuru, que ficou assim:
Urubu (Fábio Cavalcante e Allan Carvalho)
Nunca mais de triparia / Eu subi a tamandaré O almofadinha afundava / E ficava caladinho Iá iá, e ficava caladinho Iá iá, caladinho almofadinha
Respeitava a realidade / e pariu olha o pombão Despintou com humildade / que soltou o urubu Hum hum, que soltou o urubu Hum hum, caladinho almofadinha
Me mentiu sobre o Kojak / pai-do-fogo e o mineral Calou do sei lá quem é / que chora com o sol a pino Ui ui, que chora com o sol a pino Ui ui, caladinho almofadinha
Bem na noite que eu me for / o santinho vai amar Ele vai deixar relax / all these dirty motherfucker Iá iá, all these dirty motherfucker Iá iá, caladinho almofadinha
Foi feito um pedido ao público que, caso gostassem, nos vaiassem e não aplaudissem. Eles gostaram. No meio da gravação toco na flauta a melodia do Uirapuru.
Contei com as participações especiais dos músicos Allan Carvalho (banjo e voz), Edgar Jr (percussão), Rafael Barros (percussão) e Renato Torres (violão, guitarra e voz), e dos dançarinos Aninha, Lorena, Maurício e Max. A filmagem foi feita pelo Josemar.
1. Cu cagão (Fábio Cavalcante) – partitura Allan Carvalho: Coro, Pano Fábio Cavalcante: Coro, Sons gravados Renato Torres: Voz, Balão Valério Fiel da Costa: Coro, Velcro
2. Silêncio, peixes e assombrações subaquáticas (Valério Fiel da Costa) – partitura Arthur Alves: Cello com delay Valério Fiel: Piano preparado
3. Missa (Valério Fiel da Costa) – partitura Alan, Allan, Cláudio, Judson, Renato: Panelas Valério Fiel da Costa: Voz, Teclado
4. Música de microfonia (Valério Fiel da Costa / Fábio Cavalcante) – partitura Fábio Cavalcante: Microfone, Toca-disco, Máquina de chuva, Balão Valério Fiel da Costa: Microfone, Rádio, Sons gravados, Roque-roque, Balão, Molho de conchas
Domingo, 23 de setembro, 20h
1. Poluição sonora (Fábio Cavalcante) Allan Carvalho: Balão Cláudio Costa: Copos, Isopor Fábio Cavalcante: Sons gravados Valério Fiel da Costa: Copos, Isopor
2. Kensho (Valério Fiel da Costa) – partitura Allan Carvalho: Cadeira, Roque-roque, Percussões e Voz Cláudio Costa: Cadeira, Roque-roque, Percussões e Voz Valério Fiel da Costa: Cadeira, Roque-roque, Percussões e Voz
3. Cirurgião (Fábio Cavalcante) Alan Fonseca: Tarraxa de violão Cláudio Costa: Tarraxa de violão Fábio Cavalcante: Violão, Pente e Faca Valério Fiel da Costa: Sons gravados
4. Trash plastic (Valério Fiel da Costa / Lilian Campesato) Fábio Cavalcante: Plástico, Microfone, Lata de cerveja, Fita gomada Valério Fiel da Costa: Plástico, Copo, Papel
O Grupo Tanguru-Pará surgiu em 86, no bairro do Canudos (na Cipriano Santos, próximo à Segunda de Queluz), com o nome de “Nosso Carimbó”, pela iniciativa de “Seu Ailton”. Formado por dançarinos, com o tempo Seu Ailton sentiu a necessidade de montar um corpo musical para acompanhá-los. Na primeira formação estavam, entre outros, os músicos Emílio e Edson Abreu (Edinho). No ano de 96, fomos convidados pra entrar no grupo eu (flauta), Allan Carvalho (banjo, violão e voz), Márcio Macedo (violão e voz) e Edgar Junior (percussão). Vários percussionistas passavam pelo Tanguru, entre eles Nazareno, Baby e Ginga. Nesse período o grupo era coordenado pela Ana Lúcia, filha do Seu Ailton, e o coreógrafo era o Laércio.
Com essa formação (que durou um pouco mais de um ano) foram feitas dezenas de apresentações. As gravações aqui apresentadas são do show “Cores e Bandeirinhas” – título de uma música do Allan -, no projeto Uma Quarta de Música, do Centur, em junho de 1997.
Eu, Allan e Márcio já tocávamos juntos no grupo Tanguru-Pará e nos carimbós do bar Kariri (da família do Márcio). Depois montamos o Trio Guapo em 98. Foi um grupo de uma única apresentação, realizada em 12 de junho de 1998, no Teatro Waldemar Henrique. Contamos com as participações do cantor Luís Girard (com o nome grafado errado no cartaz) e do violonista Ziza Padilha (que não aparece no cartaz). O Rui Baldez (que aparece lá!) não apareceu no teatro! Os arranjos são meus.
01. Porto dos apaixonados (Ronaldo Silva) Allan: Violão e voz Márcio: Violão e voz Fábio: Flauta
02. Ponta do lápis (Rodger Rogério-Clodô) Allan: Violão e voz Márcio: Violão e voz Fábio: Flauta
03. Encanto (Márcio Macedo) Márcio: Violão e voz Fábio: Flauta
04. Tá doida (Almirzinho Gabriel) Allan: Violão e voz Márcio: Violão e voz
05. Três de mim (Fábio Cavalcante) Fábio: Violão e voz Allan PC: Violão
06. Mamãe é rica porque pode / Feira (Fábio Cavalcante) Fábio: Violão e voz Ziza padilha: Violão solo
07. Lua de luana (Allan Pinheiro de Carvalho) Allan: Voz e violão Márcio: Voz e violão
08. Estampas Eucalol(Hélio Contreiras) Allan: Voz e violão Fábio: Flauta
09. Genoveva (Allan Pinheiro de Carvalho) Luís Girard: Voz Allan: Violão Fábio: Flauta
10. Ilharga (Allan Pinheiro de Carvalho) Allan: Violão e voz Márcio: Violão e voz Fábio: Flauta
11. Mastro Bastião (Ronaldo Silva) Allan: Violão e voz Márcio: Violão e voz Fábio: Flauta
12. Cantareira (Ronaldo Silva) Allan: Violão e voz Márcio: Violão e voz Fábio: Flauta
A música “Três de mim” gravei em 2001 no meu primeiro disco, FGC Vol1. Ouça aqui essa gravação. O arranjo de “Mastro Bastião” foi usado na música A paca e a preguiça, do mesmo disco. Mastro Bastião também foi gravada ao vivo pelo Tanguru-pará (vou colocá-la no próximo post). O próprio Ronaldo Silva gravou ela no “Folias do Marajó”, do Arraial do Pavulagem. “Mamãe é rica porque pode” é o nome de uma outra música minha, também do Vol.1, mas que não é a mesma desta apresentação. (Que confusão, hein?!! rs) E a música Genoveva, do Allan, ganhou no ano anterior o prêmio de melhor arranjo no 1° Festival da Canção Universitária do Pará.